Meu momento atual

Tenho escrito pouco porque minha vida tem passado por mudanças profundas e relativamente positivas em todos os aspectos. O que era certeza há meses atrás não é mais. O que era certeza agora parece ser um passado efêmero. Mas só passado, sem mágoa, dor ou arrependimento. O texto de Adriana Falcão a seguir reflete um pouco do que se passa dentro de mim.

DEFINIÇÕES

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue.

Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta
um capítulo.

Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.

Preocupação é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair de seu pensamento.

Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.

Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.

Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.

Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.

Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.

Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja.

Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.

Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.

Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.

Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente mas, geralmente, não podia.

Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.

Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.

Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.

Paixão é quando apesar da palavra ¨perigo¨ o desejo chega e entra.

Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado.
Não... Amor é um exagero... também não.
Um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego?

Talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação,
Esse negócio de amor, não sei explicar.

Adriana Falcão

Código

Nem sei mais de você

E você pouco sabe como ando

Por onde ando

Tenho feito tantas coisas

Dito tantas coisas

Obtive vitórias

Com certo mérito

E um bocado de sorte

Aprendo com a vida

Que só não me ensina a te esquecer


Você que é meu código

Secreto para quem não sabe ver

Nítido para quem sabe sentir

Que é por você que tudo em mim se torna óbvio

Se torna previsível e notório


Desde que não posso te tocar

Meus olhos te fazem os carinhos

Tão reivindicados por minhas mãos

Minha boca recita teu nome

Como se fosse ele poema e prece

Capaz de tudo resolver

De tudo tornar viável

De tudo tornar possível

Você que eu desejo em silêncio

E que vive em mim

Fazendo com que o meu pensar

Me transporte até você

Meu espelho

Meu amor

A quem pertende a História?


Penso que a História é feita por inúmeras pessoas. A maioria destas, como disse Marx, fazem a História sem o saber. Logo, não são os grandes nomes que lemos nos livros ou vemos representados em obras de arte os responsáveis pela nossa História coletiva mas estes ditos "grandes nomes" somados a dezenas (ou centenas) de outros homens cujos nomes não ficaram registrados em nenhuma historiografia mas sem os quais não haveria nenhum fato relevante a ser registrado. Como Alexandre, Rei da Macedônia , se tornaria O Grande sem seus valorosos soldados? Como Luthero faria a Reforma sem nenhum fiel que o seguisse? Como se daria a Revolução Francesa se o povo não tivesse uma participação efetiva nesta?

Do mesmo modo, com a participação de diversos homens, os "Libertadores da América" conseguiram a indepência das colônias latino-americanas num passado não muito distante. O nome de Simón Bolívar vem há certo tempo sendo utilizado por Hugo Chávez que, agora, quer definitivamente se apropriar deste, retirando das mãos dos historiadores os documentos originais sobre Bolívar e passando-os ao controle do governo venezuelano. Ora, é função dos historiadores analisar e preservar tudo o que seja considerado documento histórico, sobretudo as suas fontes primárias.

A História é maior que qualquer pessoa e não pode pertencer a um governo, à uma ideologia, a um homem. Ainda que Chávez prossiga com a sua revolução bolivariana a História de Bolívar não lhe pertence pois já tem dono: o povo.

R

Estou ficando dependente dele. Desconfio que vou terminar ferida, frustrada. Mas gosto de conversar com ele e me entrego a este deleite quase cotidiano. Quase intermitente. Bom humor e carinho são coisas que atraem e, tenho que confessar, isso ele tem de sobra. Talvez quando o outono acabar a gente nem se fale mais. Quando terminar o outono talvez eu nem possa mais contar com os seus beijos ternos e sedutores. Que me importa agora todas as previsões que eu faça a respeito de nosso futuro? Quero viver esse escorpiano hoje.
Amanhã ainda não existe!




Inspiração do momento:

Todo o Sentimento

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

( Chico Buarque e C. Bastos)

Que tipo de rainha sou eu?

Cauteloso

Entre conversas no msn, leitura de e-mails, passeios em sites de entretenimento, chego aos testes de personalidade. A tarde está chuvosa e começo a fuçá-los. E chego a resultados sobre mim que, apesar de um tanto irreais, me levam a me repensar enquanto ser social. Talvez eu seja mesmo uma mulher difícil de ser entendida, mas ninguém pode dizer que não tenho personalidade. Eis alguns dos resultados que fazem parte dessa complexidade que sou:

CAUTELOSA - Você é daquelas que preferem não arriscar. Sua tática é observar o território e armar a situação ideal para atingir o alvo. Mas um pouco de atitude não faz mal a ninguém e é preciso arriscar para ganhar. No entanto, sua simpatia e companheirismo são pontos fortes e você, apesar de pensar mais do que agir, ganha pelo jeito tímido e muitas vezes misterioso.
(Não sei se é tática, mas funciona. A timidez me impede de agir de outro jeito.)


INCOERENTE - Você vive se atrapalhando entre as suas certezas e os acontecimentos. Resultado: às vezes, corta o pretendente de uma forma seca e direta, quebrando qualquer clima. Outras vezes, deixa a paixão falar mais alto e abre o caminho para esquecer a camisinha. Ou seja, nem é educada com o menino nem cuidadosa consigo mesma. Tem também o lado do preconceito com o comportamento dos outros. Por mais que você tenha uma opinião formada sobre aborto e homossexualidade, é importante saber respeitar as pessoas, os sentimentos delas e, sobretudo, as dificuldades pelas quais elas podem estar passando. Afinal, ser educada também é ser solidária.

(Como eu me atrapalho! Mas sou solidária com quase todos a minha volta. Agora, deixar a opinião de lado...)

RAINHA
- Gata, parabéns! Você tem uma auto-estima tão elevada que quase lhe garante um lugar no Olimpo! É muito legal, linda, inteligente, amiga... Que bom! Só tome cuidado para não ficar se achando demais tempo todo. Isso pode levá-la a pensar que ninguém é bom o suficiente para você. Ou a passar uma imagem de esnobe, metida ou inatingível para aqueles que a cercam. Então tente resolver as coisas de um modo que não agrida as pessoas. Seja receptiva com os outros e você será um sucesso!
(Ah, o Olimpo! Estou me sentindo uma divindade!)

Depois do Carnaval

Bem, o Carnaval acabou (exceto na Bahia)! A cidade lentamente volta à sua rotina que deverá ser interrompida daqui há alguns meses quando começar a Copa do Mundo. Ah! E depois tem eleição! Não, este ano não teremos uma rotina comum.
Alguém teve a "brilhante" ideia de marcar a semi-final da Taça Guanabara entre Flamengo e Botafogo para hoje, quarta-feira de cinzas. Já pensou que loucura que vai ficar a cidade? Afinal, hoje também é o dia em que são apurados os resultados do desfile das Escolas de Samba.










A grande pergunta daqueles que gostam de futebol por aqui é: E o que sobrou do Império do Amor depois do Carnaval?

Lembrança de um ato delinquente, porém produtivo

Desde criança convivo com livros. Muito pequena me encantei com a estante cheia de livros na casa da Tia Zezé. Aliás, Tia Zezé não me deixava manusear os livros pois não eram "de criança." Mais tarde compreendi o que ela queria dizer com isso. O fascínio só aumentou ao longo do tempo.
Minha mãe me comprava livros com fábulas e contos de fadas. Em muitas noites eu ouvi a história de um pequeno livro entitulado A Galinha Ruiva. Acho que até hoje sei contar toda a história do livro, mas não vou contá-la aqui embora a moral da história seja relevante: "quem não trabalha, não come".
O meu pai foi quem me ensinou de fato a ler. Tenho a doce lembrança de sentar em seu colo para lermos juntos os gibis da Turma da Mônica e da Luluzinha que ele sempre trazia quando ia até o Rio de Janeiro. Assim, cheguei à escola já com o processo de alfabetização e letramento bem desenvolvido.
A biblioteca da escola - como não poderia deixar de ser - era o meu luigar favorito. Aproveitava cada minutinho do recreio ali dentro. Sabia quando chegavam livros novos. Descobri autores e gêneros literários. E, numa dessas minhas idas à biblioteca escolar, localizei meio ao acaso um livro bem velhinho, com a capa caindo, colado com durex e peguei. Comecei a folheá-lo com desdém em pé mesmo, afinal não havia nele nenhum atrativo físico. Notei que era uma coletânea de poemas de Augusto Frederico Schmidt. De quem? Nunca tinha ouvido falar nele. Percebi que havia algo de intimista naqueles poemas que faziam a tristeza, a separação e a morte ficarem muito belas. A poesia de Schmidt estava repleta de uma nostalgia que eu, adolescente que era, não entendia mas sentia. A cada poema, uma nova emoção. Foi aí que, sem pudor e sem temer punições, coloquei o livro dentro da mochila e o furtei egoistamente. Até hoje é este livro que me ajuda a desafogar as mágoas...



Compreensão

Eu te direi as grandes palavras,
As que parecem sopradas de cima.
Eu te direi as grandes palavras,
As que conjugam com as grandes verdades,
E saem do sentimento mais fundo,
Como os animais marinhos das águas lúcidas.
Eu te direi a minha compreensão do teu ser,
E sentirei que te transfiguras a ti mesmo revelada.
E sentirei que te libertei da solidão
Porque desci ao teu ser múltiplo e sensível.
Quero descer às tuas regiões mais desconhecidas
Porque és minha Pátria
As tuas paisagens são as da minha saudade.
Quero descer ao teu coração como se descesse ao mar,
Quero chegar à tua verdade que está sobre as águas.
Quero olhar o teu pensamento que está sobre as águas
E é azul
Como este céu cortado pelas aves,
Como este céu limpo e mais fundo que o mar.
Quero descer a ti e ouvir
As tuas manhãs acordadas pelos galos.
Quero ver a tua tarde banhada de róseo como nuvens frágeis tangidas pelo ventos
Quero assistir à tua noite e ao sacrifício dos teus martírios.
Oh! estrela, oh! música,
Oh! tempo, espaço meu!

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

A história de Marina e Cassiano: apenas um conto

Moravam no mesmo quarteirão, mas não se falavam. Ele observou que ela era bonita e não tinha namorado. Conseguiu ser apresentado a ela. Até então, Marina nunca tinha observado Cassiano de perto. Achou que ele era bem alto, gostou jeito dele. E foi só.
Passados uns dias, uma amiga comum a ambos diz que ele não falava em outra coisa se não em Marina. Marina fez pouco caso, mas sentiu que já não pensava em Cassiano com indiferença. Como moravam muito próximo um do outro, ela passou a notar que sempre cruzava com ele nas redondezas. Como nunca antes reparou aquele homem de pouco mais de um metro e oitenta que não tirava os olhos dela? Algo mudara. Agora, Marina reconhecia entre os muitos carros que passavam em sua rua quando era Cassiano que se aproximava só pelo som do motor e sabia que ele havia entrado na padaria onde todas as manhãs comprova seu pão pelo cheiro que emanava dele, antes mesmo de vê-lo.
Ela já estava apaixonada. Então, por que resistir? Começaram a se ver com mais frequência e era nítido para qualquer um que os visse juntos que havia um sentimento muito forte que os unia. Um cumplicidade, um jeito de falar com os olhos, uns sussurros que só os dois compreendiam. Marina e Cassiano descobriram que tinham sonhos comuns para o futuro e experiências traumáticas semelhantes na passado. e era o passado que deixava o presente nublado e fazia ambos temer seguir os caminhos que o coração apontava. Fizeram amor algumas vezes como se nunca o tivessem feito antes. Havia uma urgência qualquer que dizia para não desperdiçarem cada momento passado juntos. Porém, o receio de reviver o passado foi maior que a confiança que tinham um no outro. passaram a se evitar. Marina mudou de caminho. Por pouco não mudou de casa. Cassiano trocou o carro.
Cassiano ainda diz para os amigos que marina é a mulher mais especial que ele conheceu. Marina confessa aos seus que não há homem no mundo que supere as qualidades de Cassiano.
De vez em quando se encontram pelos barzinhos da vida. Quando os olhares deles se encontram há alguns segundos em que o resto do mundo fica em stand by, olhando para eles têm-se a impressão de que ficam cegos para o que está em volta.
É tanto descompasso de sentimento, ações, gestos, olhares e libido que não posso, neste momento, escrever o fim deste conto que vai ficar assim. Tolamente indefinido.


Os penúltimos dias

As minhas férias estão se esgotando.
Este ano fui poucas vezes à praia.
Recomecei o plantio nos canteiros que estavam abandonados no quintal e algumas plantas já floriram.
Arrumei a bagunça que era o meu quarto. Comprei até cama nova!
Dormi o bastante para reabastecer as energias.
Sonhei coisas boas, muito boas...
Saí poucas vezes de casa, preferi o descanso à muvuca do centro da cidade.
Comprei algumas coisas que eu precisava muito. (E outras foram compradas por capricho mesmo!)
Revi alguns amigos.
Comprei uns quinze livros e li alguns outros que peguei emprestado.
Fui na casa da minha avó.
E o mais importante: descobri que só o que fica de nós nesse mundo é o bem que fazemos e o amor que damos.

Infortúnios

Fico pensando nos motivos que levam uma pessoa a viver presa a outra num relacionamento ou casamento que não trás felicidade a nenhum dos dois. Comodidade? Insegurança? Medo de enfrentar a vida a sós? Os filhos? Não sei mesmo. Mas acho que há situações que eu não sustentaria por muito tempo só para continuar casada, salvo se eu amasse emburrecidamente o outro.
Dias atrás uma amiga veio me contar que uma mulher, que não quis se identificar, ligou para o marido dela. O marido criou histórias contraditórias para explicar quem ara a tal. Não convenceu! Já faz vários dias em que ela está em crise pessoal. Até aí, uma historinha como outra qualquer. Mas sei que ele tem outra e sei que ela é apaixonada por um outro homem e nunca ficou com ele porque é casada, apesar de saber que seus sentimentos são correspondidos.
Curioso, é que desde de que a conheço vejo ela e o marido como se fossem dois amigos que dividem o aluguel de um apartamento. Nunca consegui perceber nenhum olhar de paixão, de cumplicidade entre eles. Quando soube que ela é apaixonada por outro, senti pena. A sociedade ainda é um tanto cruel com mulheres que deixam seus maridos para viver uma aventura amorosa e tolerante com homens que fazem o mesmo. Talvez por isso ela tenha recolhido o seu sentimento em um cantinho do coração onde não pode ser visto claramente.
Acho que não vale a pena desperdiçar a vida assim. Muitos me criticam por eu ser solteira. Estou certa de que é melhor uma pretensa solidão - de fato os momentos em que sinto falta de uma presença masculina são poucos, mas esse é assunto para outro momento - do que viver acorrentada a um navio que está a ponto de naufragar.

PS: Depois de ler o comentário do Iberê, percebi que esqueci de mencionar alguns detalhes do caso: ambos são independentes financeiramente e jovens (menos de 30 anos).
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