A história de Marina e Cassiano: apenas um conto

Moravam no mesmo quarteirão, mas não se falavam. Ele observou que ela era bonita e não tinha namorado. Conseguiu ser apresentado a ela. Até então, Marina nunca tinha observado Cassiano de perto. Achou que ele era bem alto, gostou jeito dele. E foi só.
Passados uns dias, uma amiga comum a ambos diz que ele não falava em outra coisa se não em Marina. Marina fez pouco caso, mas sentiu que já não pensava em Cassiano com indiferença. Como moravam muito próximo um do outro, ela passou a notar que sempre cruzava com ele nas redondezas. Como nunca antes reparou aquele homem de pouco mais de um metro e oitenta que não tirava os olhos dela? Algo mudara. Agora, Marina reconhecia entre os muitos carros que passavam em sua rua quando era Cassiano que se aproximava só pelo som do motor e sabia que ele havia entrado na padaria onde todas as manhãs comprova seu pão pelo cheiro que emanava dele, antes mesmo de vê-lo.
Ela já estava apaixonada. Então, por que resistir? Começaram a se ver com mais frequência e era nítido para qualquer um que os visse juntos que havia um sentimento muito forte que os unia. Um cumplicidade, um jeito de falar com os olhos, uns sussurros que só os dois compreendiam. Marina e Cassiano descobriram que tinham sonhos comuns para o futuro e experiências traumáticas semelhantes na passado. e era o passado que deixava o presente nublado e fazia ambos temer seguir os caminhos que o coração apontava. Fizeram amor algumas vezes como se nunca o tivessem feito antes. Havia uma urgência qualquer que dizia para não desperdiçarem cada momento passado juntos. Porém, o receio de reviver o passado foi maior que a confiança que tinham um no outro. passaram a se evitar. Marina mudou de caminho. Por pouco não mudou de casa. Cassiano trocou o carro.
Cassiano ainda diz para os amigos que marina é a mulher mais especial que ele conheceu. Marina confessa aos seus que não há homem no mundo que supere as qualidades de Cassiano.
De vez em quando se encontram pelos barzinhos da vida. Quando os olhares deles se encontram há alguns segundos em que o resto do mundo fica em stand by, olhando para eles têm-se a impressão de que ficam cegos para o que está em volta.
É tanto descompasso de sentimento, ações, gestos, olhares e libido que não posso, neste momento, escrever o fim deste conto que vai ficar assim. Tolamente indefinido.


Os penúltimos dias

As minhas férias estão se esgotando.
Este ano fui poucas vezes à praia.
Recomecei o plantio nos canteiros que estavam abandonados no quintal e algumas plantas já floriram.
Arrumei a bagunça que era o meu quarto. Comprei até cama nova!
Dormi o bastante para reabastecer as energias.
Sonhei coisas boas, muito boas...
Saí poucas vezes de casa, preferi o descanso à muvuca do centro da cidade.
Comprei algumas coisas que eu precisava muito. (E outras foram compradas por capricho mesmo!)
Revi alguns amigos.
Comprei uns quinze livros e li alguns outros que peguei emprestado.
Fui na casa da minha avó.
E o mais importante: descobri que só o que fica de nós nesse mundo é o bem que fazemos e o amor que damos.

Infortúnios

Fico pensando nos motivos que levam uma pessoa a viver presa a outra num relacionamento ou casamento que não trás felicidade a nenhum dos dois. Comodidade? Insegurança? Medo de enfrentar a vida a sós? Os filhos? Não sei mesmo. Mas acho que há situações que eu não sustentaria por muito tempo só para continuar casada, salvo se eu amasse emburrecidamente o outro.
Dias atrás uma amiga veio me contar que uma mulher, que não quis se identificar, ligou para o marido dela. O marido criou histórias contraditórias para explicar quem ara a tal. Não convenceu! Já faz vários dias em que ela está em crise pessoal. Até aí, uma historinha como outra qualquer. Mas sei que ele tem outra e sei que ela é apaixonada por um outro homem e nunca ficou com ele porque é casada, apesar de saber que seus sentimentos são correspondidos.
Curioso, é que desde de que a conheço vejo ela e o marido como se fossem dois amigos que dividem o aluguel de um apartamento. Nunca consegui perceber nenhum olhar de paixão, de cumplicidade entre eles. Quando soube que ela é apaixonada por outro, senti pena. A sociedade ainda é um tanto cruel com mulheres que deixam seus maridos para viver uma aventura amorosa e tolerante com homens que fazem o mesmo. Talvez por isso ela tenha recolhido o seu sentimento em um cantinho do coração onde não pode ser visto claramente.
Acho que não vale a pena desperdiçar a vida assim. Muitos me criticam por eu ser solteira. Estou certa de que é melhor uma pretensa solidão - de fato os momentos em que sinto falta de uma presença masculina são poucos, mas esse é assunto para outro momento - do que viver acorrentada a um navio que está a ponto de naufragar.

PS: Depois de ler o comentário do Iberê, percebi que esqueci de mencionar alguns detalhes do caso: ambos são independentes financeiramente e jovens (menos de 30 anos).
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