Adeus, ano velho!...


Sei que todo mundo já está cansado de ouvir a velha canção de final de ano, mas este ano para mim ela adquiriu para mim um significado utopicamente real. Quero acreditar que tudo o que ela diz é verdade: no ano novo tudo vai melhorar... Não fiquei tão tola a ponto de pensar que com a passagem de um ano para o outro - que é algo meramente simbólico - os problemas desaparecem e a vida se transforma num mar de rosas, mas é que 2008 não foi um dos meus melhores anos.
Posso dizer, sem a menor sombra de dúvida, que 2008 foi o ano em que conclui pouco do que tentei fazer e o que conclui não ficou tão bem feito assim. Foram tantas as atividades que eu tinha que realizar que tudo se confundiu! Deixei a desejar no trabalho, na igreja, na família, na faculdade, na vida social. Não foram raras as situações em que precisei deixar algo inacabado para me dedicar a outra coisa que precisava ser feita. Isso sem contar o pé engessado, as crises de sinusite, as dores no pulso, os problemas oftalmológicos. Pessoas queridas partiram para sempre, entre elas a tia que mais amava. Enfim, 2008 é um ano que, se eu pudesse, esqueceria.
E Braudel... nossa! Ainda falta muito para entendê-lo, mas acho que agora conheço um milésimo de sua teoria. Chego a pensar que nunca compreenderei sequer o básico sobre ele. Mas sinto uma necessidade de buscar esse conhecimento que me falta, além de outros vários.
Só me resta dizer: adeus, 2008! 2009 tem que ser melhor, deposito muitas de minhas esperanças no ano que virá apesar de saber que, com isto, corro o sério risco de fracassar. Mas não é vergonha o fracasso, a derrota, a perda. Vergonha dolorosamente marcante é não tentar fazer algo.
Uma professora da disciplina (hoje extinta) Metodologia dos Estudos Socias ao se despedir da turma num fim de ano, nos deixou uma poesia de Mário Quintana que, desde então, ressoa em minha mente quando dezembro chega.


Esperança

Mário Quintana


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...


Texto extraído do livro "Nova Antologia Poética", Editora Globo - São Paulo, 1998, pág. 118.


Feliz Ano Novo!!!
Topo