Esperança II

A esperança entrou em meu quarto e por lá ficou por um bom tempo. Não sei ao certo o quanto. Contudo, sei que durante a madrugada acordei e ouvi os pequenos ruídos que fazia enquanto se movia.
Pensei que ela pudesse estar querendo ir embora e que eu devesse abrir as janelas para que ela se fosse. Mas pensei também que não se deve deixar a esperança ir embora tão facilmente e que a permanência do pequeno inseto ultrapassava o fato em si, a esperança em meu quarto tornara-se irremediavelmente metafísica.
Alguns segundos depois, levantei-me de minha cama e fui à janela. Deixei-a entreaberta. Se assim o quisesse, a esperança poderia sair. A esperança não deve estar desprovida de liberdade.

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