Azul e branco


1 - Eu devia ter uns quatro anos de idade quando assisti, através da televisão, Vilma ostentando elegantemente o estandarte azul e branco de Madureira. Vi também uma águia que me fascinou. Pronto! Desde então, sou portelense!

2 - Eu costumava brincar de imitar a Clara Nunes.

3 - Não me lembro da última vez em a Portela foi campeã, pois eu era muito pequena nessa época. Amor é assim. Você ama e não espera outra recompensa além de ver o ser amado em plena exuberância.

4 - O samba-exaltação de Mauro Duarte e Paulo César Diniz, imortalizado pela voz de Clara, diz com propriedade:

"Portela
eu nunca vi coisa mais bela
quando ela pisa a passarela
e vai entrando na avenida
parece
a maravilha de aquarela que surgiu
o manto azul da padroeira do Brasil
Nossa Senhora Aparecida
que vai se arrastando
e o povo na rua cantando
é feito uma reza, um ritual
é a procissão do samba abençoando
a festa do divino carnaval(...)"


5 - Há várias referências à Portela na MPB. Sempre associando-a ao amor e à beleza.

6 - Apropriadamente, o enredo para o Carnaval deste ano é "E por falar em amor... Onde anda você?". A Portela se propõe a mostrar algumas formas de amar ocorridas ao longo da História da Humanidade, culminando com o amor à Portela. Nesses tempos de violência e intolerância, nada melhor do que lembrar que o amor existe.

7 - Foi um rio que passou em minha vida, composição de Paulinho da Viola, é uma ótima demostração de como o coração portelense sente o amor.

8 - O portelense é apegado às suas tradições. Quanto mais azul e branco nas fantasias e alegorias, melhor! O ton sour ton é muito bem vindo.


9 - Aliás, as cores azul e branco foram escolhidas em homenagem à Nossa Senhora da Conceição e a águia é o símbolo da Portela porque é uma ave imponente e que é capaz de alçar altos voos. Só o coração portelense sabe o que sente quando reencontra a águia na avenida.


10 - O amor à Portela é intenso mas não é ciumento. É um amor aberto mas extremamente fiel. Assim, admite que se admire algumas coisas que ocorrem nas outras escolas de samba. Ainda estou fascinada pelo o que a Grande Rio apresentou em seu enredo "Voilá, Caxias! Para sempre liberté, egualité, fraternité. Merci beaucoup, Brésil! Não tem de quê!". E o casamento do Neguinho da Beija-Flor... uma dessas coisas que só podem acontecer no Carnaval carioca e que se tornam automaticamente inesquecíveis.

Tenha um bom Carnaval

Mais um Carnaval se aproxima e passado quase todo o verão observa-se uma frequência considerável de casos de afogamento nas praias e lagoas de Cabo Frio. Hoje mesmo soube da morte de uma criança de 7 anos de idade, infelizmente. Poderia-se culpar simplesmente o Corpo de Bombeiros por não manter um número de salva-vidas adequado à quantidade de pessoas que escolhem a cidade para passar parte das férias.
A população cabofriense é de aproximadamente 180.000 habitantes. Durante o verão este número pode triplicar e, em datas como Reveillon e Carnaval, estima-se que cerca de 1.000.000 de turistas visitem a cidade. Pesquisa realizada em 2008 revelou que a maior parte dos turistas são do Rio de Janeiro, mas nas ruas percebe-se facilmente que, entre outros, muitos paulistas e mineiros vêm para cá.

Evito as praias nesses dias, pois cada m² de orla é bem disputado entre os banhistas. Na última vez que fui até a Praia do Forte fiz uma caminhada na areia de aproximadamente um quilômetro e observei que havia várias placas de alerta aos banhistas sobre a ocorrência de correnteza em determinados pontos da orla. E é justamente nesses pontos em que estão as placas (ou na maioria deles) onde se concentra boa parte dos banhistas, inclusive com crianças. Há salva-vidas, guardas marítimos e guardas municipais que ficam circulando pela praia durante todo o dia, mas sem que os frequentadores da praia despertem para o risco de banhar-se onde há correnteza mais forte, fica mais difícil cuidar da segurança de todos.


Caymmi cantava que é "doce morrer no mar, nos braços de Yemanjá". Eu penso que doce mesmo é voltar para a casa depois de passar algumas horas à beira do mar e ter boas histórias para contar e belas imagens gravadas na memória.

Nonsense

Assistia TV na sala de casa e resolvi ver o que se passava em outros canais. E até achei coisas que me interessam: Velha Guarda da Portela, documentário sobre Descartes e Alexandre ( filme de Oliver Stone que narra a trajetória do macedônio Alexandre, o Grande). Optei pelo filme e fui assisti-lo no meu quarto.
Pouquíssimos minutos depois minha mãe entra no meu quarto. Olha para a TV que está ligada e diz: "Pensei que você estivesse vendo o Patrick..." (aquele do: Olha a faca!) Entusiasmada falo-lhe brevemente sobre Alexandre, o Grande. Ela responde com ar de quem ouviu o maior absurdo da face da terra: "Agora aqui em casa só se assiste bobagens!" E sai rapidamente. Esta é a minha mãe. Definitvamente, não sei o que ela quis dizer com "bobagens". Mas, graças a Deus, não é o mesmo que esta palavra significa para mim.

Um ritual de iniciação

Recordo-me agora do meu primeiro dia de aula na faculdade, já que estou às vésperas de concluir minha graduação. Tudo era novidade: estrutura curricular, prédio, colegas, professores... Pouca coisa ali me fazia lembrar a escola onde havia estudado quase todo o período de Educação Básica.
Uma senhora que aparentava ter uns 50 anos de idade, de baixa estatura, usando óculos, uma bolsa enorme e alguns livros nos braços entrou na sala de aula e cumprimentou-nos secamente. Apresentou-se como professora de História da Cultura e Sociedade, falou-nos sobre as dificuldades que teríamos em sua disciplina, apontou para alguns alunos que foram reprovados por ela no período anterior. Nem precisa dizer que nós, calouros, entreolhava-nos silenciosamente - sentimentos vários podiam ser percebidos em nossos olhares. Eu pensava: "Será que todos os nossos professores são assim?" - mais tarde saberia que quase toda a turma pensou algo semelhante.
Bem, a aula tinha que prosseguir. A professora perguntou-nos se tínhamos tirado cópia do texto que seria usado naquele dia. Com ar de quem está se sentindo um peixe fora d'água respondemos que não. Pediu-nos, então, que anotássemos o nome do texto. Caneta e papel em mãos, esperamos que ela dissesse o nome do bendito texto. Só que era um título em francês... Alguém pediu que ela soletrasse. "Vocês não entendem a língua francesa?" - indagou-nos com ar de superioridade. A resposta foi negativa. Então perguntou se tínhamos, pelo menos um dicionário Francês-Português. Uns poucos alunos afirmaram ter um. Uma colega perguntou se seríamos obrigados a comprar o dicionário. Lembro-me muito claramente que a professora ergueu uma das sobrancelhas e respondeu: "É claro! Vocês estão na universidade e não sabem que a França é o berço da cultura e da civilização?" Fez-se silêncio.
Demonstrando irritação pediu que alguém recolhesse entre os alunos o dinheiro para tirar cópia do texto que deveria ser usado ainda naquela aula. Acho que custaria R$3,00, não me recordo com certeza desse detalhe. Um rapaz - que era um dos que foram apontados como reprovados no semestre anterior - ofereceu-se para fazer as cópias. Grande maioria dos alunos, já que mal sabia onde tirar cópias na faculdade, dava o dinheiro a ele e assinava uma folha para receber o texto assim que ele retornasse à sala. Enquanto isso, ela pediu que fizéssemos uma resenha crítica sobre sobre a influência da globalização nas culturas pós-modernas. Quase ninguém entendeu o que era para fazer, mas todo mundo começu a escrever. Mais uma vez, silêncio absoluto.
O aluno que foi tirar cópia volta em menos de cinco minutos acompanhado por mais alguns alunos e por uma mulher jovem, de cabelos claros e bem vestida. Entraram na sala rindo alto. Foi aí que nos informaram que acabávamos de cair num trote de boas vindas. A tal professora que nos "aterrorizou" não era professora, era só uma aluna do curso. A verdadeira professora de História da Cultura e Sociedade acabara de entrar na sala com eles. Quanto ao dinheiro que conguiram com a turma, disseram que usariam para fazer um churrasco e nos avisariam a data posteriormente. Todos rimos da situação patética. Aliás, até hoje quando o assunto surge nós rimos. E assim foi meu primeiro dia como universitária.


Se você leu tudo isso que escrevi aqui, talvez esteja se perguntando porque detalhei uma situação passada. Quem acompanha o noticiário sabe que todos os anos se repetem as notícias de trotes violentos. É tanta violência e brutalidade sem nenhuma razão que me questiono e fico pensando em que ponto o ser humano perdeu a noção do respeito ao seu semelhante. Não consigo vislumbrar lógica em uma pessoa agredir física ou moralmente alguém que tem objetivos acadêmicos e profissionais muito próximos aos seus. Não quero com isso dizer que outros tipos de agressão cometidos por universitários contra quem não pertença ao universo acadêmico sejam justificáveis, deixo claro. Mas, até quando assistiremos sonhos de quem pretende fazer um curso superior se desfazerem tristemente por uma minoria que se impõe pela força e pela intimidação?

Aconteceu em Campos...

Estava assistindo o RJ Intertv(noticiário regional) e tive que aumentar o volume da televisão para ouvir algo que parecia mentira, invenção de piadista, mas que aconteceu no município de Campos dos Goytacazes, no norte do estado do Rio de Janeiro e que já foi divulgado na Internet:

"Uma sentença do 2º Juizado Especial Cível de Campos, no Norte Fluminense, causou polêmica no Tribunal de Justiça do Rio.
No documento que determinava a indenização por danos morais a um consumidor que comprou uma TV com defeito, o juiz Cláudio Ferreira Rodrigues explica que o aparelho é considerado essencial nos lares brasileiros citando jogos do Flamengo e o “Big Brother Brasil”.
A matéria foi publicada nesta terça-feira (3) no jornal "O Globo". Na internet, é possível acessar o processo na íntegra.
'Sem ele, como o autor poderia assistir as gostosas do Big Brother, ou Jornal Nacional, ou um jogo do Americano x Macaé, ou principalmente jogo do Flamengo, do qual o autor se declarou torcedor?', detalhou o juiz na sentença.
Ele ironiza ainda torcedores de outros times cariocas: 'Se o autor fosse torcedor do Fluminense ou do Vasco, não haveria a necessidade de haver televisor, já que para sofrer não se precisa de televisão'.
Ao final do texto, Rodrigues determina que a loja pague R$ 6 mil de danos morais ao consumidor."

Se quiser conferir: http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL984130-5606,00-GOSTOSAS+DO+BBB+E+JOGOS+DO+FLAMENGO+SAO+CITADOS+EM+SENTENCA+DE+JUIZ.html

Bem, a forma com que a sentença foi promulgada, com o "estilo" textual utilizado pelo Meritíssimo Juiz Cláudio Ferreira Rodrigues, dividiu opiniões. O valor da sentença que o consumidor receberá como idenização está de bom tamanho, mas a finalidade que o juiz atribui a um aparelho de televisão... é questionável...
Num país onde grande parte da população é comodista, vivendo na alienação política que foi gerada, entre outros, pela TV - particularmente a Rede Globo - que manipula indiretamente a mentalidade social do brasileiro me causa espanto uma autoridade exaltar três ícones da alienação: o Big Brother, o Jornal Nacional e o futebol. A naturalidade com que ele respondia a s perguntas do repórter que foi entrevistá-lo até me fez rir por uma das perguntas do repórtes era porque ele não citou o Botafogo na sentença. E a resposta foi: " O Botafogo tem menos torcida! Até esqueci dele, mas respeito muito esta instituição desportiva."
Sem mais por hoje.

Pedaços de músicas que vagueiam em minha mente nostálgica

Não sei explicar, mas tem certas músicas - dos mais diversos estilos musicais. que volta e meia ficam tocando em minha mente. Como se fossem pássaros que voam em céu nublado. E quando a música vem à memória, a voz de determina do cantor a acompanha. Nem sempre é o melhor ou mais conhecido intérprete daquela música, mas é aquela voz, que num determinado momento me faz companhia. Vou colocar alguns desses trechos musicais neste post, só alguns. Hoje não há mais nada que eu queira escrever.

"Queixo-me às rosas
Mas que bobagem

As rosas não falam"
Beth Carvalho
"Preciso tanto
Aproveitar você
Olhar teus olhos
Beijar tua boca
Ouvir palavras
De um futuro bom"
Jota Quest

"Eu não sei pra onde vou
Pode até não dar em nada
Minha vida segue o sol
No horizonte dessa estrada..."
Leandro e Leonardo

"Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
Porque você sabe o que eu gosto"
Pitty

"Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos..."
Legião Urbana
"A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora"
Caetano Veloso
"Bem que se quis
Depois de tudo
Ainda ser feliz
Mas já não há
Caminhos prá voltar
E o quê, que a vida fez
Da nossa vida?
O quê, que a gente
Não faz por amor?..."
Marisa Monte
"Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar

Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar

É ele quem me carrega

Como nem fosse levar
É ele quem me carrega

Como nem fosse levar"

Paulinho da Viola

"Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar"
Chico Buarque
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